segunda-feira, 27 de maio de 2013

Como fica o Santos sem Neymar?

Por Alexandre Braga...
Boleirada brasileira, uma ótima tarde!



A despedida de um craque do futebol brasileiro é sempre triste, jogador e torcedor compartilham as lágrimas e fica a sensação de que aquele lugar no campo nunca será preenchido a altura. Fica ainda uma inevitável impressão de que o amor à camisa não existe mais e que o dinheiro é quem manda no futebol, essa segunda opinião é praticamente uma unanimidade quando o assunto é a transferência de um atleta para o exterior.
                                       

 No caso do Santos é contrário, em uma negociação, que a princípio parecia muito inteligente, o Santos conseguiu manter Neymar por muito mais tempo do que qualquer time brasileiro jamais conseguiu segurar um craque desse nível e é inegável o amor de Neymar pelo Santos. Claro que a jóia ganhou muito dinheiro, é impossível andar pela rua olhando o merchandising em pontos de venda, ou ainda, ligar a TV por 15 minutos, e não ver uma publicidade com Neymar. Mas e o Santos, quanto ganhou com isso? Valeu a pena?
                            


 A idéia de manter Neymar no Santos, ganhando com publicidade e diminuindo a sua multa rescisória, a medida que o final do contrato se aproximava, até o ponto em que o Santos não lucraria nada com a transferência em junho de 2014, era uma aposta, de que a permanência de Neymar por mais dois anos e meio poderia aumentar o número de torcedores e lucrar com o programas de fidelidade na venda de ingressos, cotas de TV e material oficial do time. Algo parecido com o que já fazem os clubes de maior torcida do Brasil: o Flamengo, Corinthians e São Paulo respectivamente, entre outros.
                             
           

 A venda de Neymar um anos antes da Copa de 2014 é um indício muito forte de que o projeto não funcionou conforme o esperado. Isso porque o que o Santos irá lucrar agora com a venda não seria gerado em receitas no próximo ano, caso contrário, não seria interessante vender o jogador neste momento. A maior questão que o torcedor se pergunta em uma hora dessas é o que deu errado. Talvez a diretoria santista tenha superestimado o que um grande atleta é capaz de somar a um clube, ainda mais se tratando de um projeto a longo prazo. A primeira meta supervalorizada na permanência de Neymar foi o aumento da torcida, pelas palavras do presidente: “Se tornar a terceira torcida do estado de São Paulo”, pelos dados recentes em pesquisas o Palmeiras tem cerca de 6% da torcida do Brasil e a terceira de São Paulo, portanto o alvo santista, já o Santos tem por volta de 2 a 2,5% atualmente.
                                          

 Qualquer ação de marketing (pois foi isso que o Santos fez) que visa triplicar o número de "consumidores" em tão curto prazo é no mínimo ousada. O São Paulo aumentou sua torcida, de forma exponencial, dos anos 80 para cá, muitos atribuem esse aumento aos títulos conquistados por Careca, Muller e os Menudos do técnico Cilinho somados à grande fase do tricolor do Morumbi durante a gloriosa era de Mestre Telê Santana. Por outro lado, reza a lenda que a torcida corintiana se multiplicou, ao ponto de ser a única a fazer frente à nação rubro negra (e até superar a torcida do Flamengo em algumas pesquisas) durante o doloroso período de 23 anos de jejum de títulos. Independente do que tenha ocorrido com outros clubes em outras épocas, o que se sabe é que não se tem ao certo a receita do que faz uma torcida crescer. O Santos acreditou que Neymar seria esse veículo.
                                        

 Para que isso desse certo, em tão pouco tempo, o mínimo que o Santos precisava era de mais títulos, principalmente no ano do centenário. Não conseguiu! Além do tricampeonato paulista, nada mais foi conquistado em 2012 e em 2013, sequer uma participação na Libertadores o Santos conseguiu, pior, as dispensas de ídolos recentes da torcida, como Elano e Ganso, enfraqueceram o setor de meio campo, o futebol discreto apresentado por André no comando de ataque e mais, a longa parada devido a contusão do capitão Edu Dracena fizeram com que Neymar se tornasse uma andorinha sozinha incumbida de fazer o verão do alvinegro da Vila Belmiro. Como já dizia o velho ditado, isso não acontece.
                                 

 Agora resta ao Santos o caminho natural das coisas, vender um grande craque ao Barcelona e tentar se reconstruir com o dinheiro arrecadado com a transferência. Mas fica a dúvida, se tivessem vendido Neymar anos atrás, arrecadado mais do que o dobro do que vão arrecadar agora, seria melhor financeiramente para o clube? E a torcida do Santos, cresceu nos números que a diretoria esperava? Uma das conclusões que se pode chegar é de que um projeto, como o que o Santos queria, era de longo prazo e a permanência de Neymar por apenas 1 ano e meio não foi suficiente e venderam o jogador agora, antes que o prejuízo fosse maior.
                                 
 Já começam a cogitar a volta de Robinho e até de Diego ao Peixe, ídolos que brilharam há mais de 10 anos e que não vêm apresentando o mesmo futebol de antes, pelo simples fato de que 10 anos é muito tempo na vida de um jogador de futebol. Estaria o Santos cometendo o mesmo erro do Palmeiras com Valdívia, Felipão e Kleber Gladiador? Trazer ídolos do passado para satisfazer a torcida sem considerar o lado técnico? Só o tempo dirá.
               
                                   
"Olhares atentos,
     Olhar do Torcedor!"





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