quinta-feira, 4 de julho de 2013

[HOMENAGEM] 04/07/2012 - Dia da Independência Corinthiana

 Se há algo que marcou a história do Brasil muito mais do que o descobrimento ou o crescimento em geral, é o nosso povo, nossas crenças e costumes. Crescemos e nos reproduzimos em diferentes épocas e com isso, passamos valores cada vez mais diferentes para nossos filhos, netos, e por diante. Afinal, a vida não é uma sequencia de fatos, e sim uma sequências de vivências que vão nos moldando eternamente. 



 Entre várias coisas que o povo brasileiro já mudou e ainda está mudando, pode-se citar a cozinha, as religiões e entre outros. O que nos destacamos durante vários anos e atualmente também é a questão dos esportes e é aí que eu quero chegar. O Brasil, diferente de muitos outros países, é berço de incríveis jogadores de futebol, porque os nossos aprendem a jogar com o pé no chão, propriamente dito. Na “raça”, como dizemos. Diferente de outros jogadores, os nossos começam de baixo, passando fome muitas vezes. E é esse o nosso diferencial.



 Com os vários jogadores incríveis que se destacam na história da nossa nação, não poderíamos deixar de citar os times de futebol que estão sendo alvo de muita mídia, pois começaram de baixo, tem tradição e estão no mercado há anos. Alguns até a mais de 100 anos, como o Sport Club Corinthians Paulista. Chegamos no nosso ponto da conversa! 


  Se você quer encontrar uma descrição para a expressão “na raça”, utilizada por brasileiros, assista um jogo do Corinthians. Você conhecerá o verdadeiro sofrimento e a verdadeira glória. Fui a São Paulo, cidade berço do time, e pude perceber um verdadeiro fenômeno: As pessoas saindo nas ruas para ir ao jogo do Corinthians. Parece pouco, escrito assim, mas pense você, chegando a um estádio onde centenas de pessoas estão lá por uma razão: Ver o “Coringão” (apelido do time), jogar. Não é para vencer e não é para perder, é somente para ver o espetáculo do futebol. A esses “loucos”, como diz o hino da torcida, chamamos de nação corinthiana. É simplesmente incrível como tudo procede. Os gritos, a energia, o sofrimentos, a tristeza e o mais forte: O grito do gol, o grito da vitória. Porém, há uma curiosidade interessante: Esse grito da vitória não ocorre somente com gols ou com tentativas de atingir o adversário. Esse grito está na corrente sanguínea de cada torcedor ou sofredor, como você quiser chamar.  Esse grito está na alma deles e se o Corinthians perder, ganhar ou empatar, o amor pelo time só irá aumentar. 

 
 
 Essa é somente uma das curiosidades desse grande campeão de jogos e emoções. Há muitas outras e dentre elas, a minha favorita e com certeza, de toda a nação, é o fato do Corinthians ter participado e ter sido campeão de um dos campeonatos mais famosos e interessantes do futebol: A libertadores.
 A libertadores, nada mais é que um campeonato que significa ser o melhor do continente da América do Sul. No começo era somente direcionada aos países da América do sul e após alguns anos, outros países de outros continentes foram inseridos, como por exemplo, o México. Conforme a libertadores foi ganhando fama, foi se tornando um objetivo para os grandes times.


  O time tão abordado nesse texto, o Corinthians, foi fundado dia 1 de setembro de 1910 e logo, em 1914, ganhou seu primeiro título: O campeonato paulista. Neste momento estavam participando seis equipes e o Corinthians foi campeão invicto, ou seja, de todos os jogos que houveram, ele não perdeu nenhum, não sofreu nenhuma derrota. Na temporada seguinte, em 1916 ele também foi campeão invicto. Houveram muitas outras vitórias e conforme os anos foram passando, as piadas que mais faziam sucesso entre os torcedores de times rivais, era o fato da torcida do Corinthians ser extremamente sofredora e nunca ter sentido o gosto doce da vitória da Libertadores.


 O que era piada e conversa de bar, passou a ser uma possível realidade no ano de 2012. No ano que, segundo Egípcios, o mundo “acabaria”, o Corinthians chegou ao seu maior objetivo: Participar e vencer uma libertadores. No ano anterior, o Corinthians foi Penta Campeão Brasileiro, algo que já havia sido provado diversas vezes (o título brasileiro), dessa vez veio como uma “cereja” do sorvete para o Timão. Saímos vitoriosos e inclusive, partimos direto para a segunda fase da libertadores.


 A libertadores de 2012 então começou com a participação de 12 times. Só fomos aparecer na segunda fase, no grupo seis, onde fazíamos companhia para os times: Cruz Azul do México, Nacional do Paraguai e Deportivo Táchira da Venezuela. Nos jogos, os placares foram cheio de vantagens para o Coringão. Sem muita dificuldades, tiramos de “letra”. Na fase final, que seria a próxima faze, tivemos 78% de aproveitamento.



 Então a libertadores, nas Oitavas de final, jogamos contra o Emelec do Equador. Uma vitória tranquila de 3x0. Na próxima fase, nas quartas de final, jogamos contra o Vasco da Gama. Times da mesma nacionalidade e com o mesmo objetivo: A vitória. Nesse jogo vencemos por 1x0. Vitória suada, do jeito que um corinthiano gosta. Aquela vitória que vem difícil, não tanto como uma “virada”, mas talvez com uma emoção até maior. Mais uma vez, passamos dessa fase e fomos para a semifinal. Nesse ponto, as piadas começaram a cessar e deixou no ar um sentimento de “será?”; a final era uma possibilidade que os torcedores queriam, mas dentre todas as pessoas, poucas acreditavam. Na semifinal, o nosso Coringão venceu de virada de um empate. No primeiro tempo saímos na frente com 1x0 e no segundo, o Santos (nosso adversário), fez 1x1. Porém o resultado final do jogo ficou em 2x1 para o Corinthians.





 Agora vou tentar expressar o que eu, uma amante do futebol pude perceber. Eram olhares, eram palavras, era uma população com um curso a seguir e sem saber se deveria realmente acreditar. Anos de chacotas, anos de “bulling futebolístico” e agora seria a hora de vingar por algo que era muito mais que um nome. Era um grito de guerra, uma identidade inscrita na alma de todo fanático pelo Sport Club Corinthians.



 Quando finalmente começou a final da libertadores contra o boca Juniors da Argentina, a torcida fervia, ela jogava junto, estava presente em cada passe. Terminamos o primeiro tempo empatados, com a torcida sem cessar gritando que precisava vencer aquela disputa que mais parecia valer uma vida.


 Tradicionalmente, a libertadores tem a Ida e a Volta. Na ida, na Argentina, dia 27/06 de 2012, empatamos por 1 a 1 com gol histórico do iluminado Romarinho. 


  Na volta o Boca já teria que partir pra cima. Esse fato talvez, por algum tempo, foi tomado como preocupação, mas depois percebemos: Era um desafio. Mais uma vez, a torcida Corinthiana teria que usar sua fama de sofredora para chegar em um objetivo comum.
  

 Na volta, enfrentamos o Boca no Brasil no estádio do Pacaembu, apelidado de “paca”. Então, tínhamos de fazer no mínimo dois gols se quiséssemos sair vitoriosos. No momento em que o time do Corinthians entrou em campo, a festa da torcida era incrível e a luta para finalmente fazer história era forte. A noite foi memorável e quem ama futebol, se comoveu com a torcida.
  

 No primeiro tempo de jogo da Volta da libertadores, houveram cruzamentos e tentativas de gols. Foram torturantes aqueles 45 minutos, porém continuaram de mexer no placar. Então, no segundo tempo, em 8 minutos, houve uma falta que foi marcada pelo jogador Alex. Ele estava a aproximadamente 43 metros do gol. O destino da bola era óbvio, mas não poderia ir sem um futebol bonito, a final, o Corinthians não joga futebol desde 1910, ele faz arte em campo desde 1910. Então, a falta marcada e passada para o jogador Jorge Henrique, que teve que desviar de diversos jogadores adversários para ficar no meio da área do Boca. A bola sobra, ou “fica viva” como foi usado como expressão por um narrador de uma emissora, foi parar no pé do Jogador Sheik. Sem muita dificuldade e com uma jogada simplória, Sheik fez a rede balançar e fez a torcida do Corinthians explodir. Realmente estava acontecendo. O Corinthians poderia realmente ser campeão e fazer a sua torcida, mais uma vez, orgulhosa de estar vestindo aquele manto. A cena que segue é o jogador Sheik correndo e foi parar próximos da torcida, onde realmente é o lugar de uma estrela: Próximo dos fãs.
  

 Após algumas jogadas, depois dos 26 minutos do segundo tempo, Riquelme (jogador considerado da melhor qualidade do time do boca Juniors), perde o domínio da bolsa no meio de campo em uma simples jogada. Sheik, novamente, estava sozinho, sem marcações e só aguardando que novamente, a bola sobrasse. Enfim, ela sobrou. A bola veio por cima de dois jogadores da Argentina e foi parar nos pés de Sheik. Ela novamente teria o mesmo destino: Balança as redes e o coração do torcedor. Sheik levou a bola desde o meio de campo até cara a cara com o goleiro. Nessa marca, ele o driblou. O goleiro não teve ação, os jogadores do boca não tinham o que fazer. Nesse momento, era consagrada a vitória do Corinthians na libertadores da América do ano de 2012.
  

 A torcida do Coringão explodiu ou talvez, implodiu. Ela ficou maior, gritou o mais alto que podia. Os rivais não creram naquilo que estava finalmente acontecendo. O time que tinha a torcida mais sofredora, a equipes de jogadores talvez mais entrosada, havia ganhado o campeonato que tanto queria. Com as dificuldades necessárias, na marra, na dor e no amor, finalmente, éramos campeões. 



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